AYAMONTE

Ayamonte é uma localidade recheada de património histórico-artístico com a tónica na fé cristã materializada por diversos templos e intensas festividades religiosas. Ao longo do nosso percurso vamos ver condensado um conjunto de experiências que o calendário nos mostra que se prolonga pelo ano inteiro. Contemplemos, em primeiro lugar, a Paróquia do Salvador, situado no «Barrio de la Villa». Construída em 1400 com a dedicação de São Mateus, veio substituir um primitivo templo. Exemplar de uma construção mourisca, é muito espaçosa, tendo sido elevada sobre um conjunto de degraus, tornando-a bastante airosa e acima da altura das casas vizinhas. É na fachada que encontramos a torre, imponente, com três corpos de altura, sendo que é no terceiro que se encontram os sinos e foi esta parte da torre que teve de ser reconstruída depois do terramoto de Lisboa de 1755. Se nos detivermos a observar esta torre ficamos em contacto com um sino construído nos anos seguintes ao terremoto. Contém preservado um sistema de relógio manual que assinala as horas mediante o badalo dos diversos sinos. À hora certa não falha esta vibração que nos coloca no compasso do tempo. Caminhar em Ayamonte à descoberta do seu património religioso é também desfrutar de um percurso de colinas que nos transporta para os pontos altos da história. Sigamos até ao Templo de San Francisco que pertenceu a um convento franciscano fundado em 1417 pela Casa de Béjar, apesar de estar assinalada como data oficial de fundação o ano de 1527. Era aqui que se guardava a sagrada relíquia do Santo Sudário, trazida por Dom Francisco de Guzmán, marquês de Ayamonte. Estávamos no ano de 1578. A igreja tem um impressionante teto de madeira de um rendilhado mourisco policromado. Estamos perante um exemplar típico da escola sevilhana do século XIV. Uma vez aqui chegados vamos aproveitar para visitar o Museu da Vera Cruz, mesmo junto a este templo. Um imponente património artístico-religioso foi sendo ao longo dos séculos adquirido pela congregação que dá pelo nome de «Muy Antigua, Real e Ilustre Hermandad Franciscana de Penitencia de la Vera Cruz, Santo Entierro de Cristo y María Santísima en su Soledad». Sem tempo a perder perante tantos motivos interessantes de visita seguimos para o «Convento de las Hermanas de la Cruz», um antigo convento das irmãs da Ordem de Santa Clara, conhecidas como Clarisas, e que foi levado a cabo por D. Isabel de Zamora em 1639. A partir de 1878 as clarisas [originalmente referida como a Ordem das Damas Pobres, e mais tarde as Pobres Claras, as Clarisas, as Minoretas, a Ordem Franciscana Clarista e a Segunda Ordem de São Francisco – é uma ordem religiosa católica feminina de clausura monástica partilharam o convento com as irmãs da Cruz]. Entretanto, como é fácil de imaginar, com o passar do tempo o convento foi alvo de obras de recuperação e de reconstrução. No ano de 1936, e pertencente ao convento, foi criado na Rua de Santa Clara, a Escola Particular de meninas; e que esteve em funcionamento até há bem pouco tempo.